Além do bloco carnavalesco, que se soma ao ciclo-cortejo, atrações como Babadan Banda de Rua e Clitóris Livre fazem parte da programação
Depois de realizar encontros em quatro regiões de BH, a quinta e última edição de 2019 do AmBHulantes chega com tudo à Pampulha. Desta vez, o ciclo-cortejo sai da Praça Raul Soares, no centro da cidade, e pedala por 10km até a Praça Toscana.
No local, a programação conta com show da Babadan Banda de Rua, som na pista com os DJs Luiz Valente, DANV e Andrea Cópio, um Festival de Papagaios, além de live painting com Museu de Rua, Feira AmBHulantes e Bicirangos.
A partir das 16h20, o carnaval toma conta do Ambhulantes, que abre espaço para a concentração do Bloco da Bicicletinha.
No começo da noite, o bloco segue de volta para a Raul Soares, onde será realizada a segunda concentração, às 21h. E tem mais: de lá, os foliões pedalam rumo à Fósforo Cenografia para a festa de encerramento com Clitóris Livre.
Mais cedo, perto do meio dia, ao chegar na Lagoa da Pampulha, o cortejo de bicicletas faz uma parada de 15 minutos na beira da lagoa, onde está o mural “Comum apresenta: Hip Hop BH – Muita História”. O próprio artista vai estar presente para falar um pouco sobre a obra.
Na sequência, o público segue para a praça ouvindo a playlist que Comum criou com os artistas que estão representados no mural.

Foto: divulgação Ambhulantes
Essa programação cultural extensa marcou todas as edições do AmBHulantes, com grande diversidade de artistas e iniciativas locais ocupando as ruas da cidade.
“As atrações que a gente chamou casaram muito bem com o evento: teve a Favelinha Dance na Serra, a Gaymada no Santa Tereza, o show do Hot e Oreia junto com o Cura – Circuito Urbano de Arte na Lagoinha. A gente tem recebido mensagens de pessoas falando que o evento é muito legal e diferente. Muitos moradores dos bairros que a gente passou pediram para que o evento continue, especialmente nos espaços que não costumam ser ocupados com cultura”, comenta Luiz Valente, idealizador do AmBHulantes.
O AmBHulantes nasce exatamente da vontade de ressignificar a relação com a cidade a partir da cultura, ampliando a noção de pertencimento e criando novos usos para os espaços comuns.
E tem cumprido o seu papel.
“Na última edição de 2019, o desafio é maior porque o encontro vai ocupar uma região ainda mais afastada do centro. É o segundo maior percurso do AmBHulantes até o momento, com 10 km. Vamos fazer o encontro das pipas, um bloco com sopros e a novidade da volta, que é o Bloco da Bicicletinha. Vai ser a primeira vez que o bloco passa pela Pampulha e tem a possibilidade de incluir quem nunca participou. Voltando para o centro, ainda vamos ter uma festa de encerramento na Fósforo”, conta Luiz.
Parcerias
Assim como nas últimas edições, o AmBHulantes vai contar com a parceria da Yellow. Pessoas que não possuem bicicletas e têm vontade de participar do cortejo musical de ida e de volta poderão usar 20 bicicletas da startup sem custo algum.

Foto: divulgação Ambhulantes
Além disso, a Rádio UFMG Educativa – 104,5 FM disponibilizará 2 horas de sua programação para o início do passeio. De 10h ao meio dia, a seleção musical ficará por conta do DJ Bill, que fará um set especialmente pensado para o trajeto. A frequência da rádio será usada para sincronizar as carretas sonoras do evento.
Outra parceria que deve se repetir é a participação de vendedores ambulantes, que fazem uso de bicicletas ou carrinhos de rua e têm a atividade como principal fonte de renda. Desde a sua concepção, o AmBHulantes tem a intenção de reunir esses trabalhadores e chamar a atenção para a importância do trabalho que fazem no contexto urbano.
Banda de rua
Criada em 2017, a banda de rua BABADAN nasceu na incubadora de projetos do Bloco Afro Magia Negra, a partir do desejo de reverenciar os valores da cultura afro, dando ênfase à contribuição do povo negro na construção do Brasil.
A Babadan é composta por quatorze instrumentistas, divididos em naipes de saxofones, trompetes, trombones, tubas e percussionistas. O repertório é predominantemente instrumental, com composições próprias e arranjos autorais de canções de renomados músicos mineiros.
As influências perpassam os ritmos afro mineiros, samba, toques sagrados do Candomblé, afrobeat, afro cubano, jazz, funk, soul, tamborzão, dentre outros.

Foto: divulgação Ambhulantes
Clitóris Livre
Para fechar o ano com chave de ouro, o AmBHulantes convidou as DJs da Clitóris Livre para a festa de encerramento, que será realizada na Fósforo a partir das 22h. Idealizada pela Dj Luísa Loes, a Clitóris Livre é uma festa feita por mulheres, para mulheres.
No som, tem um pouco de tudo: funk, muita música brasileira e latina, uma boa dose de hip hop, r&b, soul, afrobeat, dancehall, e por aí vai. Quem chegar para a festa com o Bloco da Bicicletinha terá desconto no ingresso, que será vendido a R$15 antecipado, no site da Sympla, e por R$20 na porta.

Foto: divulgação Ambhulantes
Tecnologia e inovação
O AmBHulantes é um encontro cultural que transporta toda a sua estrutura de bicicleta e convida o público a pedalar por ruas de BH, reimaginando a forma de se relacionar com a cidade. Criado para ser uma experiência itinerante e idealizado pelo produtor cultural Luiz Valente, o AmBHulantes tem como base a interatividade e a construção coletiva.
Módulos inteligentes, personalizados e compactos o suficiente para serem transportados por bicicletas criam a estrutura necessária para o evento. O Auto Sound System, um sistema sonoro autônomo itinerante que gera energia por meio de placas solares e geradores de força motriz a pedaladas, é usado para amplificar o som.
As carretas do Bloco da Bicicletinha se somam ao paredão de som, que também cresce com a ajuda de radinhos de pilha, levados pelos ciclistas e sintonizados na frequência FM transmitida a partir das pick-ups.
Já as Bicirangos são food bikes que aproveitam a força das pedaladas para bater sucos e drinks.

Foto: divulgação Ambhulantes
Outra característica do AmBHulantes é que parte da energia é gerada por tecnologias renováveis como painéis solares, baterias e geradores a pedaladas.
“Depois das cinco edições, seguiremos na busca por construir mais sistemas de som e outras tecnologias que ainda faltam pra gente fazer um show com bandas, amplificando guitarra e baixo. A gente já faz um evento completo sobre rodas, mas ainda tem muita coisa que é possível fazer, como a bike cerveja ou uma carretinha só pra geração de energia, com placas solares, pro evento ficar 100% autônomo”, conclui Luiz.
Carnaval
Luiz Valente conta que, daqui pra frente, a intenção é que o AmBHulantes continue movimentando a cidade, mesmo que seja com pequenas iniciativas.
“Enquanto a gente não conseguir recursos como tivemos esse ano com a Lei Municipal de Incentivo à Cultura, vamos manter o encontro com pílulas, levando nosso sistema de som até espaços públicos para fazer happenings. O Auto Sound System e as Bicirangos também estão sempre na rua participando de outros eventos. Terminando o ano, vamos começar a focar no carnaval, que tem uma demanda grande. Queremos melhorar o nosso sistema de som para poder contribuir com blocos pequenos”, afirma.